terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Começar de novo

O que se passa comigo?! Vejo o mundo pelos meus olhos como se fossem de outra pessoa, as cores, os rostos, a claridade, tudo me parece novo, como se fosse um recém nascido. Os sons assustam-me, provocam espasmos de reacção involuntários em jeito de adaptação a algo totalmente desconhecido. Os toques parecem choques electricos, descarregando um chorrilho de sensações à flor da pele em breves milisegundos. Ainda mal recomposto de tamanha surpresa começo a enveredar contra a corrente que me inunda o consciente de sensações diversas, todas elas estranhas, mas confortáveis, agradáveis, prazerosas! É o meu inconsciente que me guia, ordena o deslocar dos meus membros inferiores numa determinada direcção, a qual não identifico imediatamente. Transporta-me por caminhos incertos, cheios de irregularidades, obstáculos e desafios que transpõe com uma facilidade e destreza física assustadora. Está decidido a atingir a sua meta, e nada o deterá... me deterá. Por fim os meus pés detêm-se. Ergo o olhar e uma súbita ternura invade-me, aquece-me a ponto de fazer queimaduras de 2º grau no meu peito. Um suave aroma, doce, fresco, hipnotizante, atrai-me como o pólen atrai as abelhas. Aterro num toque macio, quente e arrepiado. Ouço uma respiração ofegante juntamente com um batimento cardíaco, alterado, correndo desenfreadamente. Junto os meus lábios ao teu ouvido e digo com uma voz em jeito de suspiro: "Enfim encontrei-te".

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Rascunho

Após um virar de página do meu bloco de esquiços, uma nova banda sonora começa a tocar. Melodias suaves invocando sensações positivas, momentos de alegria, inundam-me o espirito, iluminam um esboço do que está prestes a ser escrito. A sensualidade dos traços firmes e angulosos hipnotisa-me, seduz-me a ponto de querer me fundir com o papel, fazer parte da mensagem que este pode transmitir e despertar emoções a quem quero me dirigir. Sorrio mentalmente enquanto vou cantarolando. A minha mão vai cedendo aos caprichos da música que me invade, num movimento fluído a história segue o seu rumo, naturalmente, vai-se embelezando como uma mulher que se cuida para seu próprio prazer, retocando até o mais ínfimo pormenor, porque o todo nada mais é do que a soma das várias partes, e nada pode ser deixado ao acaso. O fio vai-se desenrolando, feliz, sem qualquer preocupação sobre os obstáculos que possa encontrar, continua em perseguição do seu propósito de juntar as pontas e formar um mundo só seu, onde nada se possa perder, excepto ele próprio.
Estou a viver esta história. Não sei como vai terminar, mas estou a gostar da viagem.