quinta-feira, 6 de março de 2008

"Síndrome de David"

Há dias em que me sinto um "David", resignando-me à minha pequenês perante a forte e impunente estatura de outros. Mas ao contrário de "David", a minha determinação dilui-se tal como as pétalas de um dente-de-leão se perdem ao sabor de uma corrente de ar um pouco mais forte, dando lugar à sensação de angustia e impotência, como "Sansão" sentiu mal lhe cortaram o cabelo. A falta de poder e os parcos argumentos que me atrevo esgrimir só servem para me mirrar mais, como se fosse um balão cheio de ar mas com um nó pouco vedante, que exige uma constante baforada para o manter na sua plena forma, no seu ponto ideal, aquele ponto em que atinge todo o esplendor e beleza que pode sonhar alcançar, mas no qual luta contra a derrota inevitável que será o seu murchar e voltar a ficar vazio. Para além deste triste fado, temos ainda outros balões, que por infeliz acaso do destino, nasceram com uma maior superfície de borracha, e uma cor mais atraente, a quem parecem dar nós bem dados, permanecendo, num período de tempo que parece eterno, no fulgor da sua existência, relegando para segundo plano todos os outros. Podemos sempre invocar a determinação e coragem de "David", desafiando os gigantes ao tentar voar mais alto que estes. Uns conseguem... outros não. No fim todos murchamos e voltamos ao que éramos, mas não na sua forma original, pois as marcas daquilo que entretanto atingimos permanecem, para nos assombrar.

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