quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Desabafo

Há um odor fétido no ar em meu redor. Uma sensação desagradável de pele arrepanhada, seca, faz com que sinta um desconforto permanente. Apetece-me despir, não as roupas, mas sim a minha própria pele. O cabelo está oleoso, sinto-o pegado ao couro cabeludo como se de um parasita se tratasse, sugando-me a sanidade, impondo-me tremores de desconforto e arrepios na espinha. Sinto-me imundo, como se há minha volta irradiasse uma aura de podridão, cuja fonte só posso ser Eu! Quero à força libertar-me de mim próprio, fugir de quem sou, espezinhar este eu que me envergonha. Grito mentalmente! Um grito gutural, de revolta, de insurreição, de nada... é abafado... por mim... por quem sou. Fraco. Egoísta. Acomodado. Não gosto, mas tenho de viver comigo mesmo. Sobreviver. Uma erva daninha cresce no interior do meu peito, sinto-a ganhar força, expandir-se. Por cada centímetro que progride, uma angustia aperta-me o coração, forma-se névoa na razão. Neste momento já tenho uma frondosa parasita a tomar conta do meu destino, e eu como jardineiro dedicado, vou alimentando-a.

Sem comentários: